há alguns anos atrás eu morei em nova york. antes de ir eu juntei um monte de dicas de onde ir e onde comer e o que fazer. um amigo me disse: vá ao whole foods e coma a salada de alga. olha, eu meio que sabia onde era o whole foods, mas eu só tinha ido a ny uma vez, 5 anos antes, de férias. mal sabia que eu estava prestes a ser embalada por ny e descobrir os meus próprios cantos. entrei no whole foods, fiquei encantada com a seleção e oferta de produtos e segui em direção ao balcão onde ficavam as comidas, a versão do nosso famoso restaurante a quilo. fui lendo as plaquinhas em busca da salada e no meio do caminho me deparei com um pulled pork e não resisti. pronto: amor puro e eterno pelo pulled pork do whole foods. na véspera de fazer essa receita eu fui na feira, peguei um belo pedaço de paleta de um porco bem feliz que veio lá do paraná e fiquei pensando. no pulled pork do whole foods, no cheesecake do veniero’s, no tailandês da rua 5 que fechou, na pizza de alcachofra no meio da madrugada e mais tantas outras mordidas. e, mais uma vez, minha memória é povoada por comidas inesquecíveis e todas as pessoas que estavam comigo. pensei até em fazer uma edição francinha revival we heart ny. quem sabe? um pad thai aqui, um cheesecake acolá?
se você me perguntar como era o pulled pork do whole foods eu não vou saber explicar. mas assim que eu comecei a escolher os ingredientes para o meu pulled pork, pensei no que o sr. cozinheiro tinha colocado naquele porquinho desfiado. e fui lá nas profundezas da minha memória pra entender o que eu queria fazer. e foi assim que eu fiz o meu primeiro porco desfiado, que certamente não poderia ter me deixado mais feliz. o sabor era exatamente o que eu tinha projetado, molhado na medida certa, e ele se desfiou sozinho com o passar do tempo na panela. eu passei 3 horas olhando a panela, e pensando que eu poderia estar fazendo algum absurdo. afinal, por que eu não fiz o porco no forno e o molho separado? porque é assim que faz em muitos lugares. mas não aqui 🙂 . e apesar desse pulled pork ter surgido dessa nostalgia, provavelmente se você colocar ele do lado do do whole foods talvez eles não sejam nada parecidos.
eu não escolhi um domingo à toa pra fazer isso. eu queria todo o tempo que fosse pra curtir o processo. lembrei muito do livro cozinhar, do michael pollan, que já comentei aqui. lembrei de quando ele descreve o processo do assado de panela, e da química que faz a carne ficar macia e suculenta. tava tudo ali na minha frente. e é simplesmente sensacional poder acompanhar isso e criar essa conexão com a comida, entender minimamente o que acontece ali dentro. comer comida de verdade, sem pressa, preparada com amor, é um dos maiores presentes que a gente pode ter na vida. <3
como havia bastante porco, foram dois dias de alegria: 1. no pão de hamburger com rabanete e broto de alfafa e 2. com fettuccine, tomilho fresco e lascas de parmesão. 🙂
ingredientes:
ingredientes:
- 1kg de paleta de porco sem pele e sem osso
- 1 cebola roxa grande
- 2 talos de aipo
- 1 cenoura média
- 6 dentes de alho
- 4 colheres de sopa de ketckup
- 2 colheres de sopa de açúcar mascavo
- 2 colheres de sopa de páprica picante
- 1 colher de sopa de cominho em pó
- 1 lata de tomate pelado
- 200 ml de vinho tinto
- azeite, sal e pimenta moída na hora